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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Queima-Bucha entre os cordelistas da Amazônia


Queima-Bucha entre os cordelistas da Amazônia

Quadra é a estrofe de 4 versos. Sextilha, a de 6 e Septilha, a mais rara, é composta 7, seguida pela Oitava e a décima, claro, com dez. Ainda tem o Quadrão, com três primeiros versos que rimam entre si; o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si, e o Martelo, com estrofes formadas por decassílabos, muito usado em desafios e versos heroicos. 

Tudo isso é estrutura da Literatura de Cordel, que hoje é foco na XVII Feira Pan Amazônica do Livro, onde o badalado Estande do Escritor Paraense está realizando, neste sábado realiza o III Encontro de Cordelistas da Amazônia, evento dedicado poesia popular impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura, principalmente, embora utilize desenhos e clichês zincografados. 

Pela manhã, das 10h30 às 12h30, o professor e poeta João de Jesus Paes Loureiro e o Doutorando Hiran de Moura Possas abordam o tema “Pelas bordas das culturas: Acordes dos cordéis das Amazonas”, que terá como debatedores Claudio Cardoso, Juraci Siqueira e João de Castro. 

Já á tarde serão realizadas as oficinas “Fazendo cordel pela educação” (14h às 16h), com Apolo da Caratateua, e “O Cordel na Literatura”, com Nando Poeta (16h às 18h), ambas na sala 03, e “Literatura de Cordel, recurso didático na sala de aula Ministrante”, com Geraldo Magella (15h às 18h), sala 05. 

Paralelo a isso, durante todo o dia o cordel será destaque no estande dos paraenses, com declamações e espaço pra pendurar no fio os folhetos que forem chegando. 

Aliá, este tipo de literatura, que nasceu em Portugal, na Península Ibérica, ganhou este nome justamente porque, era exposta ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas. 

No Brasil, porém, a tradição que ganhou espaço cativo na região nordeste, começou a chegar nas feiras em malas, de onde os folhetos e livretos eram tirados e colocados em uma esteira para serem vendidos. O editor e escritor Gustavo Luz, que está participando ativamente da Feira Pan Amazônica, é um dos grandes incentivadores desta arte no país. 

Hospedado na casa do escritor Juraci Sequeira, ele trouxe para o estande do escritor paraense, livros e coleções editados pela Queima Bucho, editora que ele dirige em Mossoró, no Rio Grande do Norte, responsável pela organização e edição de uma série de coleções dedicadas ao Cordel. O Holofote Virtual esteve com ele para saber mais. Gustavo conta, entre outras coisas, como surgiu a editora e como esta tem incentivado, inclusive, a utilização do cordel como ferramenta de ensino dentro das escolas. 

Holofote Virtual: Gustavo, conta como surgiu a ideia de organizar uma produção de cordel pela tua editora, a Queima Bucha... 

Gustavo Luz: Essa editora, eu comecei editando todo tipo de livro, grande parte eram estas poesias modernas, mas depois eu criei a coleção Queima Bucha de Literatura de Cordel, pois eu sentia falta disso em minha cidade, vendo que havia muitos cordelistas, mas que faziam seus trabalhos de forma muito solta. Então eu fiz isso pra reunir os escritores populares, os cantadores de viola, e quando eu criei isso daí deu certo, e comecei a editar e a juntar tudo. 

Os cordelistas começaram a aparecer e fui ficando conhecido no Ceará, na Paraíba, em Pernambuco, na Bahia. Depois fomos até pro Rio de Janeiro e empossamos um cordelista nosso na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), já tinha um, e depois empossamos mais um. Assim, o nome da editora foi crescendo e nós fomos publicando. 

Holofote Virtual: O cordel também tem sido usado como ferramenta de ensino nas escolas. A editora também aponta para este caminho, pelo que se percebe aqui no estande... 

Gustavo Luz: Sim. Começamos a trabalhar para as escolas, fazendo publicações direcionadas, com temas definidos para que os professores pudessem utilizar isso e também foi dando muito certo. Editamos obra do escritor Arievaldo Viana. Lançamos o livro “Acorda Cordel”, muito utilizado na sala de aula. Lá, ele ensina o estilo, a sertilha, a métrica, oração. 

Os professores encontraram uma maneira encantadora de trabalhar diversos assuntos do estudo com os alunos, que gostam e se empolgam com os folhetos. São histórias curtas e envolventes, com rimas. O jovem e as crianças adoram. O professor, quando ele adota aquele cordel na sala de aula, todos os alunos adquirem. 

Holofote Virtual: E o que eles adaptam pro cordel? 

Gustavo Luz: Determinados assuntos da cidade, o romance e até obras históricas são adaptados. Daí o professor usa o cordel como resumo e o aluno acaba depois estudando as obras . Há uma coleção “Obras primas",  lançada em cordel, de um autor cearense, que adaptou, por exemplo, Dom Quixote, que é um livro que dificilmente seria lido pelos alunos sem a introdução do cordel. Então os alunos leem o folheto e depois os professores tratam o Dom Quixote, na íntegra, com maior facilidade. 

Holofote Virtual: E isso vem tendo apoio dos governos? 

Gustavo Luz: Ah, sim, o Governo do Estado vem dando apoio, adquirindo estes livros de cordel para distribuir em escolas e bibliotecas. Eu sempre vendo bem, os agentes de leitura pedem sempre.

Holofote Virtual: Como foi o seu contato com os coderlistas paraenses? 

Gustavo Luz: O Francisco Alves, que é coordenador da feira de livro lá do Rio Grande do Norte, em Natal e Mossoró, ele já me falava muito da Feira do Pará. Há uns três anos ele já me dizia que esta feira aqui era um exemplo, o que eu realmente eu estou comprovando. E ele já me falava do Cláudio Cardoso e do Juraci Siqueira. 

Daí este ano eu resolvi vir. Eu disse a mim mesmo, eu vou lá ver como é esta feira, daí peguei o contato do Juraci e ele me convidou pra ficar na casa dele. Falei com Claudio sobre como era o estande, ele disse que eu viesse e trouxesse os livros. Pedi detalhes e ele não me deu detalhe não, ele disse que viesse e que aqui dava tudo certo. Tá dando (rindo). 

Holofote Virtual: Você também é escritor? 

Gustavo Luz: Sim, estou com um livro meu aqui, mas não faço cordel... Deixo isso pros corderlistas, que tem o talento. O livro que trouxe é de poemas, ilustrado com xilogravuras, mas eu vim e tive a felicidade a surpresa de encontrar vários cordelistas, como próprio Cláudio, o Juraci e outros. Tem um do RN e outro do Ceará. Já cresci aqui nesta feira e já fui convidado para um encontro só de cordel que está sendo articulado para setembro por eles e uma fundação do estado. 

Holofote Virtual: E o livrinho do cordel é apenas a ponta do ice Berg desta cultura, não é Gustavo? 

Gustavo Luz: É. O livrinho do cordel ele é apenas onde se guarda a poesia oral, falada, que se cria até na hora. A tradição que vem da Península Ibérica, dos árabes, chega ao Brasil e se instala definitivamente no nordeste que a reinventa a sua maneira. 

Já existia a poesia oral, e quando Gutenberg, um operário tipográfico, cria a imprensa, o pessoal começou a criar os folhetins, antes era apenas uma folha solta, depois foram fazendo os modelos, e no Brasil veio o folheto, que eles chamavam de verso ou de romance, de folha. Quando chegou aqui não era ainda este modelo padrão, isso foi criado no nordeste, herdamos algo da Europa, o papel, mas o estilo é muito nosso.  
  
Holofote Virtual: Como é? 

Gustavo Luz: É tipo um livrinho, que é o quadrado, mas tem a folha. O cordel vem de cordão, de ficar pendurado. É o que vai acontecer no sábado, vamos fazer como era na época. Quem quiser pode trazer o seu pra pendurar aqui. O cordel, este termo é novo. A opção de vender no cordão, na Europa, era comum, mas no Brasil passou a ser na mala, o cara tirava de lá tudo e botava na esteira, no chão e começava a cantar, tocar, lia um pouquinho, não lia tudo. Era pra dar o gostinho. 

Holofote Virtual: O Adriano Suassuna faz cordel? 

Gustavo Luz: Na verdade ele bebe na fonte. Toda a obra dele é baseada em histórias de cordel, há várias no Auto da Compadecida. Foi a ideia que ele teve. Ele leu tudo de Cordel, o Suassuna. As histórias do João Grilo, aquela flautinha, é baseada na história “O cavalo que defecava dinheiro”, uma história famosa de cordel. É um mundo fantástico que ele criou, tirando tudo do cordel, que é a raiz da obra dele. 

Holofote Virtual: Quem é o criador do Cordel no Brasil? 

Gustavo Luz: Leandro Gomes de Barros é considerado o pai do cordel. Ele é da Paraíba, mas foi viver em Pernambuco, onde adquiriu uma tipografia e começou a publicar os autores mais famosos do passado e depois começou a escrever o que os cantadores diziam, para depois publica-los. Já o J. Borges, da xilogravura, trouxe este estilo de ilustração para as capas dos livretos, é o que mais identifica o cordel no traço, mas podemos ilustrar também os livros com desenhos e outros estilos. Surgem muitos autores novos. 

No tempo do Leandro foi quando o cordel teve mais hegeminoa, atingiu o auge, no sertão não chegava rádio e todas as notícias vinham pelo cordel. Morria pessoa importante, tinha Lampião invadindo, tinham os assassinatos, tudo que acontecia hoje, amanhã já tinha cordel na rua. Pessoa famosa tava doente, o corderlista já tava com o cordel pronto. O cara morria e no dia seguinte já estava a noticia na rua. 

Holofote Virtual: Há novos autores surgindo? Como o cordel está hoje no país? 

Gustavo Luz: Há sim, tem o José Camilo de Melo Rezende, o Manoel Camilo dos Santos e muitos outros. No livro “Acorda Cordel”, que tem aqui no estande, tem toda esta história e os novos nomes do cordel. Esta literatura vem ganhando mais força, até mesmo dentro da academia. Há histórias bem famosas, como a Chegada de Lampião no Inferno. Outros autores bons são também João Martins de Ataíde, João Melquiades. No livro O que é cordel, que também tenho aqui, conta toda a nossa trajetória. 

Holofote Virtual: Este tipo de obra ainda sofre preconceito em relação ao que se chama de alta literatura? 

Gustavo Luz: O cordel hoje ele está voltando a ganhar o seu espaço merecido e está sendo reconhecido pelos acadêmicos. Já sofreu preconceito, como literatura de analfabeto e hoje não. Tem gente que escreve cento e tantas estrofes, versos de sete sílabas, tudo rimado, não é qualquer um que faz. É tudo com rima, métrica, oração. Hoje existe sim um reconhecimento e uma maior propagação desta literatura. 

Tem escola de samba homenageando o cordel, tem música, a banda Cordel do Fogo Encantado, o cordel foi inspiração para novela da Globo. Esta literatura atinge, hoje, muitos campos, tem até literatura de cordel em livro ilustrado pra crianças. Os cantadores lançam CD, DVD, se vende camisas, gravuras, chinelos, xícaras de porcelana, enfim. O cordel está em tudo e nas nossas vidas.

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