MANUEL
VERAS, FAZENDEIRO RICO E LÍDER POLÍTICO DESCOBRIU A PRAIA DE TIBAU NO SÉCULO
XIX
Manuel Martins Veras vai virar nome
de rua em Tibau, aprovado pela Câmara Municipal com sanção do Executivo. A
proposição, de autoria do vereador Otávio Faustino da Silva Neto, homenageia o
primeiro veranista do município-praia, no litoral da Costa Branca, e resgata a
história que pouco é estudada e/ou valorizada.
A rua Manuel Veras tem localização no
loteamento Costa Branca, no bairro Gado Bravo, que é parte do boom do mercado
imobiliário de Tibau, cada vez mais concorrido, dada as suas belezas naturais
que empolgam novos investidores.
Foram essas belezas que atraíram
Manuel Veras ainda no século XIX. Fazendeiro rico e líder político no pequeno
município de Campo Grande, antigo Augusto Severo, encravado na região do médio
oeste do Rio Grande do Norte, ele desbravou a “praia dos mossoroenses”. Naquela
época, nos idos de 1890, tudo era muito difícil, mas não o suficiente para
impedir o pioneirismo de Veras.
Ele levava mais de um dia de viagem
entre Campo Grande e Tibau, percurso de 129,2 km pela BR-110, que hoje é feito
de carro em pouco mais de 1 hora e meia. Naquela época, claro, não existia
rodovias asfaltadas, nem veículos de alta velocidade. Manuel Veras viajava em
cima de cavalos ou em carros de boi, enfrentando grandes dificuldades, mas na
certeza que no destino final encontrava o paraíso de morros de areia colorida,
valorizado pelo português, filho de pais ingleses, Henry Koster, que passou
pelo litoral montado a cavalo em 1810 e registrou em livro (Travels in
Brazil) o espetáculo de mar limpo e falésias.
O livro “Tibau de Todos os Tempos”,
da pesquisadora e escritora mossoroense Lúcia Rocha, registra que na Avenida
Tarcísio Maia, antigo Gancho, havia uma placa afixada no imóvel, pela
Prefeitura, constando o nome dos quatro primeiros veranistas liderados por
Manuel Veras, inclusive, ele tinha casa em Tibau localizada próximo da descida
da praia do Ceará, que serviu para hospedar os outros três pioneiros:
- Francisco Pinheiro de Almeida
Castro, cearense, que foi o primeiro médico de Mossoró, casado com dona
Francisca Veras, filha de Manuel Veras. Inclusive, Dona Francisca faleceu na
casa do pai em um veraneio na praia de Tibau.
- Farmacêutico Jerônimo Rosado, que
veio da Paraíba para Mossoró incentivado por Almeida Castro, que precisava de
uma farmácia na cidade. Por consequência, ele apresentou a beleza de Tibau a
Jerônimo Rosado.
- João Leite, apodiense que foi
vereador em Mossoró, também genro de Manuel Veras.
A placa que registrava o pioneirismo
de Manuel Veras e de seus três hóspedes já não existe mais, mas Tibau está
disposta a resgatar a história. A homenagem com nome de rua pode até ser
simples pela grandeza do feito, mas, definitivamente, deixará registrado o nome
do primeiro veranista da antiga “estância balneária” dos mossoroenses e
oestanos.
DA FAZENDA CONVENTO À VIDA EM CAMPO GRANDE
Manuel Martins Veras, filho de
Luciano Martins Veras e Cosma Rodrigues Veras, nasceu em 18 de outubro de 1825
na fazenda Convento, freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, município de
Ipu, estado do Ceará. Aos quatro anos de idade foi morar com os seus familiares
na cidade de Campo Grande, no médio oeste potiguar. Ele faleceu aos 66 anos na
fazenda Poço Verde, em Campo Grande.
Foi casado primeiramente com Cristina
da Silva Saldanha, ficando viúvo. Depois, casou-se com a irmã de Cristina,
Joaquina da Silva Saldanha com quem teve os filhos: Vicente de Paula Veras,
Manoel Martins Veras (Nezinho), Miguel Martins Veras (Major Migas), Luciano
Martins Veras, Afra Veras Lobo, Francisca Joaquina Veras, Maria Veras Barbosa (Maroca
da Bola), Joaquim Martins Veras (Quincas Veras) Joaquina Veras Saldanha e
Cristina Veras Leite.
CORONEL DAS FORÇAS
ARMADAS DO IMPÉRIO DO BRASIL
Manuel Veras era um homem
inteligente, íntegro, rico e corajoso. Isso fazia dele uma referência na política
sertaneja. Ele foi um dos maiores latifundiários e empreendedores no Rio Grande
do Norte e Nordeste no século XIX, dono de uma faixa de terra que começava
dentro de um complexo de serra que fazia divisa de Campo Grande/RN com o estado
da Paraíba.
O livro “A História Continua –
Saldanha & Veras e suas ramificações”, de Francisco Galbi Saldanha,
publicado pela Coleção Mossoroense, narra que Manuel Veras “destacou-se com a
criação de gado leiteiro da raça Caracu e com a plantação em larga escala de algodão.”
Na política, foi um grande chefe, era
comumente chamado de “Comandante Superior”. Manuel Veras se destacou com o
título de Coronel das Forças Armadas do Império do Brasil, conferido pelo
Imperador D. Pedro II. No segundo momento, recebeu o título de Comandante.
Também recebeu os títulos de
Comandante Superior das Forças Armadas do Império; de Cavaleiro da Ordem da
Rosa, criado em 1829 pelo Imperador D. Pedro I para perpetuar a memória de seu
matrimônio em segundas núpcias com Dona Amélia de Leuchtenberg e Eischstadt.
Manuel Martins Veras foi o maior
chefe político que Campo Grande já teve. Quase todos os filhos foram
intendentes/prefeitos no município.
ORIGEM DA FAMÍLIA VERAS
A família Veras tem a sua origem na
região da península itálica, mais precisamente no espaço central, onde se
localiza a região do Lácio. Depois, migrarem para Portugal e Espanha. Os Veras
que têm forte presença no Rio Grande do Norte, a partir da cidade de Campo
Grande, são provenientes de Viana do Castelo em Portugal. Aportaram no Ceará,
por volta de 1788, por meio de Silvestre Rodrigues Veras, que se casou com
Cosma de Araújo Chaves. Ficara viúvo e contraiu segundo matrimônio com Eugênia
Cardoso Barros. Desse casamento nasceram Manuel Martins Veras, José Rodrigues
Veras, Maria Álvares Feitosa, Ana Rodrigues Veras, Lusia Rodrigues Veras e
Cosma Rodrigues Veras.
Fonte: Livro “A História Continua –
Saldanha & Veras e suas ramificações”.
FONTE – JORNAL DE FATO
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